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Inflação é “confisco” do dinheiro das famílias, diz gestor que defende meta nos atuais 3%

As discussões sobre mudança de meta de inflação que tiveram em destaque nos primeiros meses do ano devem perder força, já que o centro atual da meta de 3% é considerado suficiente para o gestor André Gordon, fundador da GTI Admistração de Recursos.

Gordon pondera que em países desenvolvidos a meta de inflação é menor que no Brasil – nos EUA, por exemplo, ela é de 2%. “Não podemos achar que o centro da meta em 3% é muito baixo. Esse número não é pouca coisa. Espero que essa discussão de mudar a meta seja colocada de lado, pois isso seria um erro. Não podemos esquecer que a inflação é um confisco do poder de compra do dinheiro das famílias”, afirmou Gordon.

O gestor destacou ainda que com os números atuais de inflação mais brandos, o Banco Central deve começar a reduzir os juros em breve, mas sempre com muita diligência para tentar levar a inflação para a meta. “O custo de fazer com que o mercado ‘desancore’ é altíssimo e vai cobrar um preço alto a longo prazo: o risco-país, o aumento do custo de crédito e muito mais”, afirma.

A gestora comandada por Gordon é especializada no mercado acionário e, entre as posições dos fundos da casa está Lojas Renner, uma empresa varejista que se beneficia da queda de juros. Apesar desta redução ainda não ter acontecido nos juros nominais, já que a Selic permanece em 13,75%, ela já pode ser vista na curva de juros futuros.

“O mercado antecipou [o corte da Selic] e nós vimos toda a curva de juros doméstica caindo aproximadamente 1% nos últimos 30 dias. Isso teve um impacto importante no mercado acionário”, afirma Gordon.

Nos últimos 30 dias, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, registrou alta de quase 10%.

Arcabouço inferior ao teto de gastos

Para Gordon, o mercado está menos pessimista em relação a atuação do governo pelo fato de o Congresso estar disposto a “barrar” as ideias que sejam consideradas ruins para a economia e para o cenário fiscal.

“O Congresso tem uma característica mais ortodoxa e mais fiscalista. Caso o governo venha com medidas que coloquem em risco a sustentabilidade de longo prazo da nossa dívida pública, a tendência é que o Congresso freie”, aponta o gestor.

Na opinião dele, o arcabouço fiscal apresentado pelo governo é inferior ao teto de gastos (âncora fiscal utilizada anteriormente). “Não é o ideal, mas é melhor do que nada. Agora o governo tem um espaço maior para gastos, que podem crescer em uma proporção de até 70% do crescimento da arrecadação”, pontua Gordon.

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